segunda-feira, 9 de junho de 2014

SÉRIE HERÓIS DA FÉ: ELIAS - PARTE 2

4. O CAMPO DE TREINAMENTO EM SAREPTA

Depois de ter passado com sucesso pelo treinamento em Campo Querite, um período ainda mais exigente de treinamento o esperava num lugar chamado Sarepta.

O riacho seco era apenas o começo. Deus tinha planos para Elias que o levariam para longe daqueles dias calmos de isolamento e medi­tação, onde a vida ao lado do riacho e aves que cumpriam fielmente a tarefa de garçons de suas refeições eram apenas uma rotina simples, ininterrupta e regular. Todo homem que fosse usado por Deus como Elias o foi nos anos seguintes deveria passar primeiramente por um treinamento avançado. Para Elias, esse treinamento se realizou na cidade de Sarepta.

Então, lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde orde­nei a uma mulher viúva que te dê comida”. 1 Reis 17:8-9

4.1 SAREPTA

Do mesmo modo como fizemos anteriormente, vamos analisar o nome deste lugar aonde o profeta deveria ir. Sarepta deriva de um verbo hebraico que significa “fundir, refinar”. E interessante perce­ ber que, na forma de substantivo, Sarepta quer dizer “cadinho”. Não sabemos ao certo, mas o nome do lugar pode ter origem na denomi­nação de uma planta híbrida. Todavia, qualquer que seja a origem de seu nome, Sarepta viria a ser realmente um “cadinho” para Elias: um lugar planejado por Deus para refinar ainda mais seu profeta e fazer uma grande diferença para o restante de sua vida.

Se você andar com o Senhor por bastante tempo, vai descobrir que suas provas se sucedem. Talvez seria melhor dizer que ocorrem uma atrás da outra, da outra, da outra, da outra e da outra. Normal­ mente seus testes preparatórios não ficam apenas em um ou dois. Eles se multiplicam. Assim que você conclui um teste severo, pen­sando “ótimo, passei por este!”, você é jogado em outro, no qual as chamas estão ainda mais quentes.

Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida”. 1 Reis 17:9

Não posso falar por você, mas eu consideraria isso como uma lição de humildade. Deus não disse “estou ordenando que você vá a Sarepta para poder ajudar uma viúva pobre”. Ao invés disso, era a viúva pobre que ajudaria este famoso profeta do Senhor que estivera diante da face do rei. E um maravilhoso lembrete de que normal­ mente são as coisas mais humildes que nos preparam para as grandes tarefas.

4.2 AS PROVAS DE ELIAS EM SAREPTA

Elias reagiu ao plano de Deus com pronta obediência:

Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; chegando à porta da cidade, estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me, peço-te, uma vasilha de água para eu beber. Indo ela a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me também um bocado de pão na tua mão”. 1 Reis 17:10-11

Logo na chegada de Elias, encontramos dois testes.

Primeiramente, o teste da primeira impressão:

Porém ela respondeu: Tão certo como vive o Senhor, teu Deus, nada tenho cozido; há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de comida para mim e para o meu filho; comê-lo-emos e morreremos”. 1 Reis 17:12

Que surpresa! Bem-vindo a Sarepta, Elias! Era esta a pessoa que iria sustentá-lo?

Elias foi a Sarepta esperando pelo menos um pouco mais de provisões do que as que tinha em Querite. No entanto, a primeira impressão dava outra idéia. Aparentemente ele teria menos. Talvez ele não viesse a morrer de sede, mas parecia que ia ter uma fome de matar.

Elias chegou a Sarepta e não viu nada além de uma viúva procuran­ do gravetos para fazer uma fogueira, preparar sua última refeição e morrer de fome. Que decepção depois de uma longa e árdua jornada. Isso nos leva ao segundo teste: o teste das impossibilidades físicas.

Elias havia passado por uma situação que, aos olhos humanos, era impos­sível. Mas a boa notícia é que ele olhou além das circunstâncias. Tra­tou do problema com fé, não com medo. Veja o que ele fez:

Elias lhe disse: Não temas; vai e faze o que disseste; mas pri­meiro faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho. Porque as­ sim diz o Senhor, Deus de Israel: A farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija não faltará, até ao dia em que o Se n h o r fizer chover sobre a terra. Foi ela e fez segundo a palavra de Elias; assim, comeram ele, ela e a sua casa muitos dias. Da panela a farinha não se aca­ bou, e da botija o azeite não faltou, segundo a palavra do Senhor, por intermédio de Elias.”. 1 Reis 17:13-16




4.3 QUATRO LIÇÕES EM SAREPTA




Número um: A orientação de Deus é sempre surpreendente; não tente analisá-la. Se Deus o manda para Sarepta, não tente entender por quê. Apenas vá. Se Deus coloca você numa situação difícil e você tem paz no coração de que deve permanecer ali, não tenta analisar ou fugir. Fique firme. Quanto mais eu vivo, mais vejo que a direção de Deus é ilógica no aspecto humano. Ela é um mistério, pelo menos em nossa perspectiva limitada.

Número dois: Os primeiros dias geralmente são os mais difíceis; não desista. Lembra-se de meu comentário sobre a síndrome da pri­meira impressão? Pois ela é real, e pode nos levar ao pânico ou fazer- nos jogar a toalha. Não jogue. O inimigo de nossas almas adora nos tirar do caminho, nos desencorajar e nos tentar a desistir. Aprenda­mos com o exemplo de Elias. Nem mesmo uma pobre viúva, que mal tinha energia para apanhar lenha para preparar sua última refei­ção, foi capaz de desmotivá-lo. Deus ainda usou a fé de Elias para reacender a fé da viúva e dar-lhe um a razão para prosseguir. A con­fiança em Deus é contagiante.

Número três: As promessas de Deus dependem de obediência; não deixe de fazer sua parte. “Elias, levante-se e vá”, disse Deus. E Elias se levantou e foi. “Mulher, entre e prepare a comida”, disse Elias. E ela foi e preparou. Um a promessa cumprida geralmente é o resultado de nossa obediência. Quando as promessas têm condições, nossa obediência precede a provisão de Deus. Tenha cuidado com qualquer ensinamento que leve à passividade. Descansar no Senhor é uma coisa; indiferença passiva é algo completamente diferente.

Número quatro: As provisões de Deus são justas; não deixe de agradecer-lhe. Talvez você não tenha o emprego que gostaria, mas você tem um emprego. Talvez não esteja na posição que sonhou, mas as provisões de Deus são suficientes... justas. Se você postergar seus agradecimentos até que seus sonhos sejam realizados, é bem possível que se torne um cristão irritante, daqueles que estão sempre esperan­do por mais. Contentamento agradecido é uma virtude muito neces­sária em nossa cultura consumista.

4.4 A RESSURREIÇÃO

Depois disto, adoeceu o filho da mulher, da dona da casa, e a sua doença se agravou tanto, que ele morreu”. 1 Reis 17:17

A primeira pergunta que vem à mente quando leio este trecho de abertura da história é “Depois do quê?”. Quais foram as circunstân­cias que levaram a estes acontecimentos na vida de Elias? Relembre junto comigo enquanto repassamos os eventos anteriores.

Primeiro, Deus deu a Elias a coragem de confrontar Acabe e anunciar a seca. Exatamente depois desse evento, Deus disse a Elias uma coisa incrível: ele não deveria permanecer em público; em vez disso, deveria correr e se esconder no riacho de Querite. Enquanto estivesse lá, seria alimentado pelos corvos duas vezes ao dia e beberia da água do riacho - o qual, mais tarde, secou. Em Querite, durante um período de tempo indeterminado, Elias simplesmente esperou em Deus na solidão e na obscuridade. Este processo o transformou num homem de Deus. Ele aprendeu a depender de seu Senhor.

A seguir, Deus enviou Elias a Sarepta. Era necessário ser colocado na linha em Querite para depois passar pelo cadinho do refino em Sarepta. Quando chegou lá, encontrou uma viúva com seu filho a ponto de morrer de fome. Por direção de Deus, Elias mudou-se para lá. O profeta disse à mulher: “Confiaremos em Deus para nossas necessidades diárias”. E, com certeza, Deus agiu dia após dia (como ele sempre faz). A panela de farinha nunca esvaziou, e a botija de azeite nunca se secou. Deus supriu suas necessidades todos os dias.

E foi assim, neste contexto de esconderijo e fuga — “depois disto” - que Elias enfrentou outra situação impossível. Mas há uma dife­rença. Neste ponto da história Elias já estava acostumado a enfrentar o impossível. Sua fé havia amadurecido. Ele está pronto para a próxi­ma prova, confiando em seu Deus.

Então, disse ela a Elias: Que fiz eu, ó homem de Deus? Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniquidade e matares o meu filho? Ele lhe disse: Dá-me o teu filho; tomou-o dos braços dela, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo se hospedava, e o deitou em sua cama. Então, clamou ao SENHOR e disse: Ó Senhor, meu Deus, também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho?” 1 Reis 17:18-20

Elias pode ter-se calado diante da mulher, mas não de Deus. É diante dele que o profeta levanta as questões mais difíceis.

Sozinho, à sombra de Deus... é ali que acontecem tais batalhas. Elias foi capaz de ser totalmente sincero com Deus porque havia desenvolvido tal familiaridade com o tempo que passou em seu cam­po de batalha particular - em seu próprio refúgio espiritual.

E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Se­nhor e disse: Ó Senhor, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele”. 1 Reis 17:21

Mas, espere um pouco. O que está acontecendo aqui? Até este momento nas Escrituras não há registro de ninguém que tenha sido ressuscitado dos mortos.

Então, Elias está pensando o quê? Como ele poderia ser tão ou­ sado a ponto de pedir a Deus uma coisa assim, sem precedentes?

O Senhor atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu”. 1 Reis 17:22

Nenhuma palavra pode descrever o que aconteceu naquele quarto quando aquele menino começou a se mover, e Elias viu a vida voltan­do ao corpo. Não há palavras para descrever o estar no meio de tal provação e presenciar a ação de Deus, num miraculoso período ou apenas num momento. Apenas quem esteve ali pode acenar a cabeça, sorrir e dizer: “Amém. Sei exatamente do que você está falando. Eu vi Deus operando assim”.


Elias encarou o impossível com calma e alegria, com bondade e autocontrole, com fé e humildade. Conforme estamos dizendo des­de o início, Elias foi heróico em atos de bravura de fé, mas sempre foi um modelo de humildade.