O Reino do Sul (Judá)
Esse reino ficou sob o domínio
de Roboão, herdeiro de Salomão, abrangendo a tribo de Judá mais a meia tribo de
Benjamim. A capital desse reino continuou em Jerusalém, onde estava o Templo de
Salomão.
O poderio assírio perturbou
muitas vezes a paz de Judá. Porém, essa ameaça desapareceu quando as armas
babilônicas destruíram o poderio dos filhos de Assur. O Império Babilônico
agora passou a ser a grande preocupação de Judá. Depois da queda de Samaria,
Judá, como nação, durou aproximadamente cento e poucos anos.
Assim como o povo do Norte, os
habitantes do Reino do Sul também foram infiéis ao Senhor, sobretudo seus
líderes políticos e religiosos. O mesmo pecado que levou os israelitas do Norte
ao cativeiro também afetou Judá, e talvez de forma mais acentuada. A palavra e
a exortação dos mensageiros de Deus foram desprezadas. Os profetas foram
perseguidos, alguns barbaramente mortos. Como resultado desse desatino dos
judeus, o Senhor mandou-lhes Nabucodonosor, que os levou cativos a Babilônia.
O cativeiro babilônico
O Antigo Testamento descreve
de modo geral os acontecimentos do cativeiro babilônico. A sucessão dos fatos
que culminaram no exílio encontram-se em 2Reis 24 e 25 e 2Crônicas 36. As datas
são fornecidas pela história secular e não pela Bíblia.
Depois de vários avisos por
meio de profetas, eles foram levados cativos em três sucessivas deportações:
Em 605 a.C., Jeoaquim, rei de Judá, foi amarrado com cadeias de bronze e
exilado para a Babilônia. Nessa ocasião, Nabucodonosor levou alguns despojos do
tempo de Jerusalém (2Cr 36.6,7). Na ocasião, alguns judeus também foram
deportados, como Daniel e Ezequiel, que mais tarde se tornaram célebres na
história do povo de Deus.
Joaquim, filho de Jeoaquim, reinou sobre Judá 3 meses e 10 dias (2Cr
36.9). Na primavera do ano (2Cr 36.10), em 597 a.C., Nabucodonosor o levou
cativo para a Babilônia, bem como sua mãe, seus servos, príncipes, oficiais,
artífices e valentes (2Rs 24.12-16).
O rei da Babilônia estabeleceu Zedequias como rei-vassalo sobre Judá. Em
11 anos de governo (2Cr 36.11), ele fez o que era mal perante o Senhor (2Cr
36.12-16). Zedequias também se rebelou contra Nabucodonosor, o que provocou o
cerco a Jerusalém por 2 anos (2Rs 25.1-3). Em 586 a.C., a cidade por fim
rendeu-se pela fome. O rei Zedequias e seus soldados fugiram, mas foram
capturados. Seus filhos e seus príncipes foram mortos na sua presença. Como
castigo, seus olhos foram vazados e ele foi arrastado a Babilônia com a nação
de Judá. Nebuzaradã, ministro da guerra de Babilônia, destruiu Jerusalém por
completo, com muros e casas, incendiou o templo, levou como despojo seus
tesouros, e conduziu seus habitantes, em massa, para o cativeiro na Babilônia.
Entretanto, a desolação de Jerusalém não significa que a terra de Judá
ficou desabitada. Eis o que informa o profeta Jeremias: “Mas Nebuzaradã,
capitão da guarda, deixou ficar na terra de Judá somente alguns pobres dentre o
povo, que nada possuíam. E deu-lhes vinhas e campos” (Jr 39.10). Além disso, os
pobres e refugiados de Judá também receberam do monarca da Babilônia um rei:
Gedalias (Jr 40). O monarca também ordenou que Jeremias ficasse em Judá (Jr
40.6). Certamente, houve nisso um propósito divino. Ao contemplar as ruínas de
Jerusalém, o profeta escreveu “Lamentações”.
Esses fatos deixam claro que a
terra de Judá não ficou totalmente desolada durante os 50 ou 70 anos de
cativeiro babilônico. Josefo afirma: “O país (Judá) ficou deserto por 70 anos”.
Deserto, sim, de profetas, de atalaias de Deus, de pregoeiros da verdade, mas
não de pessoas e acontecimentos.
Judá estava fora de sua casa
agora, no amargo exílio, longe de sua amada Jerusalém. Em Babilônia, país
estrangeiro, tudo é diferente: novos costumes, nova língua, novas influências.
O povo sofria terrivelmente.
Apesar da conquista
esmagadora, os babilônicos eram diferentes dos assírios na sua política de
lidar com os povos dominados. Eles levavam todos os cativos para sua metrópole,
onde viviam agrupados em bairros, com liberdade de cultuar o seu Deus e
praticar todos os seus costumes, ou seja, eles levaram consigo e preservavam
suas tradições históricas. Ezequiel e Jeremias deixam claro que os caldeus não
oprimiam tanto os exilados como faziam os assírios. O cativeiro babilônico
seria muito mais brando do que o egípcio.
Os judeus continuaram a
praticar alguns serviços religiosos. Mesmo com limitações, ainda tinham
sacerdotes. Eles guardavam o sábado, circuncidavam, jejuavam, obedeciam a
Moisés. Liam as Escrituras, oravam na sinagoga e cultuavam a Deus ao modo judeu
(quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego — companheiros de Daniel — foram
lançados na fornalha devido à recusa de adorar uma imagem, não se tratava de
perseguição religiosa, mas de intriga política). Além disso, os judeus
preservaram com muito cuidado as genealogias sacerdotais e reais provindas de
Arão e Davi. Essa preservação ajudaria na identificação do Messias da Promessa,
pois ele nasceria da tribo de Davi.
Durante o exílio, alguns
profetas escreveram visões e mensagens. Muitos salmos foram escritos, nos quais
os autores deixaram transparecer a tristeza por estarem longe de Jerusalém.
A política babilônica também
ajudou os judeus de outra forma. Antes do exílio, eles se ocupavam quase
exclusivamente de lavoura e pecuária. Os anos de cativeiro converteram-nos em
hábeis comerciantes. Muitos enriqueceram (em contraste, os que permaneceram em
Judá viviam em extrema pobreza). Os judeus ajudaram a construir edifícios, outros
trabalharam em paz nos seus próprios lares. Possuíam casas (Ez 3.24; 33.30).
Outros ainda deram-se à agricultura, bem como a outras atividades. Alguns
deles, como o profeta Daniel, chegaram a ser pessoas de alto conceito no
Império, pois prestavam serviços diretamente ao rei. Quando os medo-persas
conquistaram Babilônia e concederam liberdade aos judeus de retornarem à sua
pátria, muitos deles rejeitaram a proposta, pois tinham indústria, comércio,
propriedades e riquezas que não lhes permitiam voltar à terra natal. Ficaram em
Babilônia, outros foram para o Egito etc. Esses são os judeus da Diáspora ou
Dispersão.
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