sábado, 1 de outubro de 2011

Oração em secreto - parte 2


Por David Wilkerson

Davi testifica, “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119:67). Ele está reconhecendo que quando tudo está calmo e sereno, e com poucos problemas, temos a tendência a nos esfriar ou a ficarmos mornos quanto à oração. Dizemos que amamos Deus, mas em nossos bons momentos podemos na verdade apostatar, negligenciando a comunhão com o Senhor. Então, às vezes, Deus permite afiadas flechas de aflição para nos acordar.

Muitos piedosos pais da igreja comentaram sobre esse assunto. João Calvino diz que nunca oferecemos obediência a Deus enquanto não formos compelidos a fazê-lo devido à Sua correção. E C.S. Lewis escreve, “Deus cochicha em nossos prazeres, mas grita em nossa dor. É o megafone dEle despertando um mundo surdo. A dor remove o véu”.

Às vezes consideramos a oração como algo muito casual. Mas na hora dos problemas nos vemos lutando com o Senhor todos os dias, até assegurarmos em nosso espírito que Ele tem tudo sob controle. Quanto mais queremos ser lembrados desta segurança, mais vamos ao nosso lugar de oração.

A verdade é que Deus nunca permite aflição em nossas vidas exceto como ato de amor. Vemos isso ilustrado na tribo de Efraim em Israel. O povo havia caído em grande aflição, e clamou ao Senhor em agonia. Ele respondeu, “Bem ouvi que Efraim se queixava” (Jeremias 31:18).

Como Davi, Efraim testifica, “Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o Senhor, meu Deus” (31:18). Em outras palavras, “Senhor, Tu nos castigaste por algum motivo. Éramos como um touro jovem, sem aprendizado, cheio de energia, mas Tu nos castigaste a fim de nos domar para o Teu serviço. Trouxeste controle à nossa fúria”.

Veja, Deus tinha grande planos para Efraim, de frutos e satisfação. Mas primeiro teriam de ser instruídos e treinados. Assim, Efraim declara, “arrependi-me; depois que fui instruído” (31:19). Na verdade disseram, “No passado, quando Deus nos tinha na sala de aula preparando-nos para o Seu serviço, não podíamos receber correção. Fugíamos, gritando ‘É muito difícil’. Éramos teimosos, sempre saindo do jugo que Ele colocava. Então Deus pôs sobre nós um jugo mais apertado, e usou Sua vara do amor para quebrar nossa teimosa vontade. Agora, nos submetemos ao Seu jugo”.

Nós também somos como Efraim: touros jovens e egoístas que não querem jugo. Evitamos a disciplina do arado, evitamos vivenciar a dor, aceitar o cajado e vara. E esperamos ter tudo agora - vitória, bênção, frutos - meramente reivindicando as promessas de Deus, ou “as tomando pela fé”. Nos irritamos por sermos treinados no lugar secreto, pela luta com Deus até que as Suas promessas sejam cumpridas em nossas vidas. Aí, quando chega a aflição, achamos “Somos o povo escolhido de Deus. Por que isso está acontecendo?”.

O lugar de oração é a nossa sala de aula. E se não tivermos esse “tempo a sós” com Jesus - se formos liberados da intimidade com Ele - não estaremos preparados quando a inundação chegar.

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