segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Poder de Deus no ministério de John Wesley


 

Por Wesley L. Duewel

   John Wesley (1703-91), o evangelista do coração ardente, é alguém cujo ministério foi repetidamente caracterizado pelo poder do Espírito Santo. A história da sua conversão é bem conhecida. O ambiente piedoso do seu lar na primeira infância, sua intenção através da juventude no sentido de disciplinar metodicamente o seu corpo para uma vida santa, sua promoção no Clube dos Santos em Oxford, sua experiência missionária de dois anos na América do Norte e sua profunda piedade, mas falta de certeza da salvação — são freqüentemente citados.



   A seguir veio o seu novo nascimento, transformador de vida, em 24 de maio de 1738, quando este ministro profundamente dedicado encontrou Cristo durante a leitura de uma passagem de Martinho Lutero. Wesley contou que seu coração sentiu-se "estranhamente aquecido", e a partir desse dia ele se tornou o proclamador do glorioso testemunho do Espírito na salvação.



   Qual foi o segredo do seu prodigioso ministério a partir desse dia? Historiadores seculares respeitados disseram que através do ministério de John Wesley, seus colaboradores e convertidos, assim como o do grande despertamento resultante em toda a Inglaterra, a nação foi salva do banho de sangue que caracterizara a Revolução Francesa, iniciada dois anos antes da morte de Wesley. Robert Southey acrescentou que Wesley fora "a mente de maior influência" do seu século, cuja vida influenciaria a civilização durante "séculos ou talvez milênios", caso a raça humana durasse tanto!



   Um nobre inglês, passando por um povoado em Cornwall, na Inglaterra, depois de procurar em vão um lugar onde comprar bebida alcoólica, perguntou a um camponês: "Como é que eu não posso comprar um copo de bebida nesta triste aldeia?". O velho, reconhecendo a posição do estrangeiro, tirou respeitosamente o chapéu e curvou-se, dizendo: "Senhor, há cerca de cem anos um homem chamado John Wesley passou por aqui". O camponês então virou-se e foi embora.



   Durante 53 anos de um ministério incansável, Wesley chamou a si mesmo de "homem de um livro só" — a Bíblia. Ele escreveu, todavia, mais de 200 livros, editou uma revista, compilou dicionários em quatro línguas — tudo escrito a mão. Ele percorreu a Inglaterra a cavalo, num total de 250.000 milhas. Durante anos, fez uma média de 20 milhas diárias e muitas vezes andava 50 a 60 e até mais milhas por dia, parando para pregar ao longo do caminho. Ele pregou 40.000 sermões — raramente menos que dois por dia e às vezes sete, oito ou até mais.



   Aos 83 anos queixou-se de que não podia ler nem escrever mais de 15 horas por dia sem que os olhos doessem. Lamentou não poder pregar mais que duas vezes por dia, e confessou sua crescente tendência de permanecer na cama até as 5.30 da manhã. Aos 86 continuava levantando-se nessa hora para orar.



   Qual o segredo da sua tremenda energia ou, mais ainda, o segredo do selo continuado de Deus sobre o seu ministério? As anotações da sua agenda nos dias 3 e 15 de outubro de 1738 evidenciam os seus anseios por uma experiência mais profunda. Os historiadores apontam para uma ocasião, seis meses depois do seu novo nascimento. Ouçam as palavras dele, escritas no diário: "Segunda-feira, 1º de janeiro de 1739. Os srs. Hall, Kinchin, Ingham, Whitefield, Hutchins e meu irmão Charles estiveram presentes à nossa festa de confraternização em Fetter-lane, com cerca de 60 de nossos irmãos. Às três da manhã aproximadamente, enquanto continuávamos em oração, o poder de Deus veio poderosamente sobre nós, a ponto de muitos clamarem por júbilo e outros tantos caírem no chão. Tão logo nos recobramos um pouco desse temor e surpresa com a presença de Sua majestade, falamos todos juntos: 'Te louvamos, ó Deus, reconhecemos que Tu és o Senhor'".



   O relato nos faz lembrar, de certo modo, da experiência dos apóstolos em Atos 4:23-31. O derramamento do Espírito sobre essa reunião das várias sociedades metodistas parece ter sido um ponto crítico no ministério de Wesley. A partir de então ele pregou com extraordinária unção e poder, e essa pregação resultou em poderosa convicção de pecado no coração das multidões de pessoas.



   Os sermões impressos de Wesley não contêm ilustrações, que são muitas vezes usadas por Deus hoje para tocar o coração das pessoas. Nada em suas mensagens parece despertar emoções. Quando as lemos hoje, podemos perguntar-nos por que eram tão eficazes. Todavia, Deus fez uso delas para levar milhares ao Senhor. Não era a palavra, mas o poder de Deus na palavra.



   A partir dessa data, Wesley pregou com tanta autoridade e poder que milhares se renderam ao Senhor. Seus diários, que ele guardou fielmente no correr dos anos, contam a respeito de indivíduos tomados subitamente de profunda convicção de pecados dada pelo Espírito Santo. Os relatos nos fazem lembrar da experiência de Paulo, quando o poder de Deus o abateu na estrada para Damasco. Sob a pregação de Wesley, as pessoas muitas vezes gritavam com grande angústia de alma, algumas caindo no chão sob o peso da mão de Deus enquanto se arrependiam. Dentro de minutos elas passavam a se rejubilar com a maravilhosa segurança de terem os seus pecados perdoados e uma profunda percepção da paz de Cristo. As pessoas viam os seus pecados como eles são aos olhos do nosso Deus santo e clamavam por livramento. Algumas eram acometidas de tremor diante da temível presença de Deus.



   Outras eram tomadas por tremenda convicção de pecado até três semanas mais tarde. Elas subitamente gritavam como em agonia mortal, arrependiam-se e em breve se rejubilavam com o perdão dos seus pecados. Em 21 de abril de 1739, em Weaver's Hall, Bristol, "um jovem foi subitamente acometido de violento tremor e em poucos minutos, aumentados os sofrimentos do seu coração, ele caiu prostrado". Em breve alcançou paz.



   Em 25 de abril, enquanto Wesley pregava, "imediatamente um, depois outro, e outro caíram no chão; eles caíam em toda parte, como atingidos por um raio". Parecia ser quase uma repetição da experiência de Paulo em Damasco. As pessoas eram sempre tomadas por uma revelação terrível de Deus e da profundidade do seu pecado. Os críticos que ficavam a volta eram subitamente acometidos da mesma convicção e convertidos na mesma hora. Um forte oponente foi repentinamente jogado para fora da cadeira e prostrou-se invocando a Deus.



   Wesley fala de um outro lugar em que o poder de Deus cobriu a sua pregação: "Um, depois outro, e mais outro foram lançados ao chão, tremendo excessivamente na presença do Seu poder. Outros gritaram, em voz alta e amargurada: 'O que devemos fazer para ser salvos?'"



   O evangelista foi repetida e violentamente atacado, muitas vezes perseguido pela multidão e correu risco de vida. Mas Wesley escreveu a respeito da sua pregação: "O poder de Deus veio sobre a sua palavra; de maneira que ninguém zombou, ou interrompeu, ou abriu a boca". Em Wapping, 26 pessoas sentiram tamanha convicção de pecado que "algumas caíram e não lhes restaram qualquer força, outras tremeram e temeram". Wesley orou para que nenhum observador se sentisse ofendido com esses acontecimentos. Ele não encorajava nem tentava fazê-las parar, reconhecendo que era a mão do Senhor.



   Com grande liberdade e poder, muitas vezes pregava a grandes audiências ao ar livre. Mesmo em dias de chuva ou frio cortante, pregava às multidões. Seus sermões duravam às vezes duas ou três horas. Em 23 de dezembro de 1744, outra grande unção veio sobre ele enquanto pregava em Snow Fields. Wesley escreveu: "Encontrei tanta luz e força como não me lembro de ter tido antes".



   Muitas vezes, quando exausto por causa do seu ministério constante, encontrava novas forças físicas e espirituais ao orar. Em uma dessas ocasiões, 17 de março de 1740, Wesley conta uma viagem a cavalo quando se achava cansadíssimo. "Pensei então: 'Deus não pode curar homens e animais por quaisquer meios, ou sem eles?'. Imediatamente meu cansaço e minha dor de cabeça passaram, assim como o coxear do meu cavalo."



   Citei apenas alguns dos muitos exemplos do poder de Deus sobre Wesley. Não existe uma explicação humana, exceto a sua vida de oração e sensação repetida do poder de Deus. Não era nada fingido. Ele não buscava emoção ou uma demonstração externa. Deus simplesmente revestiu de poder seu ministério constante.

 
Extraído do Livro "Wesley L. Duewel - Em Chamas para Deus"

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