sábado, 20 de outubro de 2012

O Reino do Sul (Judá) e o cativeiro babilônico


O Reino do Sul (Judá)

Esse reino ficou sob o domínio de Roboão, herdeiro de Salomão, abrangendo a tribo de Judá mais a meia tribo de Benjamim. A capital desse reino continuou em Jerusalém, onde estava o Templo de Salomão.

O poderio assírio perturbou muitas vezes a paz de Judá. Porém, essa ameaça desapareceu quando as armas babilônicas destruíram o poderio dos filhos de Assur. O Império Babilônico agora passou a ser a grande preocupação de Judá. Depois da queda de Samaria, Judá, como nação, durou aproximadamente cento e poucos anos.

Assim como o povo do Norte, os habitantes do Reino do Sul também foram infiéis ao Senhor, sobretudo seus líderes políticos e religiosos. O mesmo pecado que levou os israelitas do Norte ao cativeiro também afetou Judá, e talvez de forma mais acentuada. A palavra e a exortação dos mensageiros de Deus foram desprezadas. Os profetas foram perseguidos, alguns barbaramente mortos. Como resultado desse desatino dos judeus, o Senhor mandou-lhes Nabucodonosor, que os levou cativos a Babilônia.

O cativeiro babilônico

O Antigo Testamento descreve de modo geral os acontecimentos do cativeiro babilônico. A sucessão dos fatos que culminaram no exílio encontram-se em 2Reis 24 e 25 e 2Crônicas 36. As datas são fornecidas pela história secular e não pela Bíblia.

Depois de vários avisos por meio de profetas, eles foram levados cativos em três sucessivas deportações:
       Em 605 a.C., Jeoaquim, rei de Judá, foi amarrado com cadeias de bronze e exilado para a Babilônia. Nessa ocasião, Nabucodonosor levou alguns despojos do tempo de Jerusalém (2Cr 36.6,7). Na ocasião, alguns judeus também foram deportados, como Daniel e Ezequiel, que mais tarde se tornaram célebres na história do povo de Deus.
       Joaquim, filho de Jeoaquim, reinou sobre Judá 3 meses e 10 dias (2Cr 36.9). Na primavera do ano (2Cr 36.10), em 597 a.C., Nabucodonosor o levou cativo para a Babilônia, bem como sua mãe, seus servos, príncipes, oficiais, artífices e valentes (2Rs 24.12-16).

      O rei da Babilônia estabeleceu Zedequias como rei-vassalo sobre Judá. Em 11 anos de governo (2Cr 36.11), ele fez o que era mal perante o Senhor (2Cr 36.12-16). Zedequias também se rebelou contra Nabucodonosor, o que provocou o cerco a Jerusalém por 2 anos (2Rs 25.1-3). Em 586 a.C., a cidade por fim rendeu-se pela fome. O rei Zedequias e seus soldados fugiram, mas foram capturados. Seus filhos e seus príncipes foram mortos na sua presença. Como castigo, seus olhos foram vazados e ele foi arrastado a Babilônia com a nação de Judá. Nebuzaradã, ministro da guerra de Babilônia, destruiu Jerusalém por completo, com muros e casas, incendiou o templo, levou como despojo seus tesouros, e conduziu seus habitantes, em massa, para o cativeiro na Babilônia.


Entretanto, a desolação de Jerusalém não significa que a terra de Judá ficou desabitada. Eis o que informa o profeta Jeremias: “Mas Nebuzaradã, capitão da guarda, deixou ficar na terra de Judá somente alguns pobres dentre o povo, que nada possuíam. E deu-lhes vinhas e campos” (Jr 39.10). Além disso, os pobres e refugiados de Judá também receberam do monarca da Babilônia um rei: Gedalias (Jr 40). O monarca também ordenou que Jeremias ficasse em Judá (Jr 40.6). Certamente, houve nisso um propósito divino. Ao contemplar as ruínas de Jerusalém, o profeta escreveu “Lamentações”.
Esses fatos deixam claro que a terra de Judá não ficou totalmente desolada durante os 50 ou 70 anos de cativeiro babilônico. Josefo afirma: “O país (Judá) ficou deserto por 70 anos”. Deserto, sim, de profetas, de atalaias de Deus, de pregoeiros da verdade, mas não de pessoas e acontecimentos.

Judá estava fora de sua casa agora, no amargo exílio, longe de sua amada Jerusalém. Em Babilônia, país estrangeiro, tudo é diferente: novos costumes, nova língua, novas influências. O povo sofria terrivelmente.

Apesar da conquista esmagadora, os babilônicos eram diferentes dos assírios na sua política de lidar com os povos dominados. Eles levavam todos os cativos para sua metrópole, onde viviam agrupados em bairros, com liberdade de cultuar o seu Deus e praticar todos os seus costumes, ou seja, eles levaram consigo e preservavam suas tradições históricas. Ezequiel e Jeremias deixam claro que os caldeus não oprimiam tanto os exilados como faziam os assírios. O cativeiro babilônico seria muito mais brando do que o egípcio.

Os judeus continuaram a praticar alguns serviços religiosos. Mesmo com limitações, ainda tinham sacerdotes. Eles guardavam o sábado, circuncidavam, jejuavam, obedeciam a Moisés. Liam as Escrituras, oravam na sinagoga e cultuavam a Deus ao modo judeu (quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego — companheiros de Daniel — foram lançados na fornalha devido à recusa de adorar uma imagem, não se tratava de perseguição religiosa, mas de intriga política). Além disso, os judeus preservaram com muito cuidado as genealogias sacerdotais e reais provindas de Arão e Davi. Essa preservação ajudaria na identificação do Messias da Promessa, pois ele nasceria da tribo de Davi.

Durante o exílio, alguns profetas escreveram visões e mensagens. Muitos salmos foram escritos, nos quais os autores deixaram transparecer a tristeza por estarem longe de Jerusalém.

A política babilônica também ajudou os judeus de outra forma. Antes do exílio, eles se ocupavam quase exclusivamente de lavoura e pecuária. Os anos de cativeiro converteram-nos em hábeis comerciantes. Muitos enriqueceram (em contraste, os que permaneceram em Judá viviam em extrema pobreza). Os judeus ajudaram a construir edifícios, outros trabalharam em paz nos seus próprios lares. Possuíam casas (Ez 3.24; 33.30). Outros ainda deram-se à agricultura, bem como a outras atividades. Alguns deles, como o profeta Daniel, chegaram a ser pessoas de alto conceito no Império, pois prestavam serviços diretamente ao rei. Quando os medo-persas conquistaram Babilônia e concederam liberdade aos judeus de retornarem à sua pátria, muitos deles rejeitaram a proposta, pois tinham indústria, comércio, propriedades e riquezas que não lhes permitiam voltar à terra natal. Ficaram em Babilônia, outros foram para o Egito etc. Esses são os judeus da Diáspora ou Dispersão.

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