terça-feira, 7 de setembro de 2010

Submetendo-se à Faca




Por David Wilkerson

Submetendo-se à Faca

"Ora, ouvindo todos os reis dos amorreus que habitavam o oeste do Jordão, e todos os reis dos cananeus que estavam ao lado do mar, que o Senhor tinha secado as águas do Jordão de diante dos filhos de Israel, até que passassem, derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel. Nesse tempo disse o Senhor a Josué: Faze facas de pederneira, e circuncida segunda vez os filhos de Israel. Então Josué fez facas de pederneira, e circuncidou os filhos de Israel em Gibeate-Aralote... Acabando de circuncidar a toda a nação, ficaram no seu lugar no arraial, até que sararam.

   Então disse o Senhor a Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito. Pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até o dia de hoje" (Josué 5:1-3, 8-9).

   Acredite se quiser, o que aconteceu a Israel em Gilgal - aquele grande dia de circuncisão - relaciona-se sobremaneira com a Igreja de Jesus Cristo hoje! "Pois tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança" (Romanos 15:4). "Tudo isto lhes aconteceu como exemplos, e estas coisas estão escritas para aviso (instrução) nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos" (1 Coríntios 10:11).

   O acontecimento em Gilgal serve como sermão vividamente ilustrado para os cristãos dos últimos dias. Ele nos mostra como quebrar o poder do pecado de sorte que possamos entrar na gloriosa liberdade de Cristo Jesus!

   Primeiro, vejamos três grandes livramentos ocorridos antes deste grande dia de circuncisão — acontecimentos que Deus realizou para Israel a fim de tirá-lo da escravidão do Egito e levá-lo para as bênçãos de Canaã.

O sangue nas ombreiras da porta

   "Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem... Assim o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor. Naquela noite passarei pela terra do Egito, e ferirei todos os primogênitos na terra do Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os deuses do Egito executarei juízo. Eu sou o Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo o sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito" (Êxodo 12:7, 11-13).

   Exigiu-se dos filhos de Israel que oferecessem um sacrifício de sangue, e o cordeirinho sem defeito que eles mataram era um símbolo do Cristo morrendo na cruz. O sangue do cordeiro nas ombreiras das portas protegia-os do juízo de Deus: "Vendo o sangue, passarei por cima de vós" (v. 13).

   Hoje, "salvos pelo sangue" é o testemunho do povo de Deus no mundo inteiro, com o sangue de Cristo aplicado ao nosso coração. Mas outros também reivindicam o sangue. Adúlteros, viciados e até criminosos que estão na cadeia neste exato momento — todos vivendo em declarado pecado — dir-lhe-ão: "Deus não me julgará. Estou sob a proteção do sangue de Jesus! Há anos eu cri nele." Outros dizem: "Obediência não salva ninguém. O que você pensa a respeito do sangue não o salvará. Só o que Deus pensa acerca do sangue é importante. Obtenha a proteção do sangue e você estará salvo e seguro para sempre."

   É absolutamente verdadeiro que o sangue de Jesus proporciona proteção contra o juízo de Deus, mas apenas quando acompanhado de um coração obediente!

   Isto foi verdadeiro quanto aos filhos de Israel. A fim de estarem seguros pelo sangue sacrificial, os israelitas tiveram de satisfazer a determinadas condições de obediência. Primeiro, "que cada homem peça ao seu vizinho... jóias de prata e jóias de ouro. .. e roupas... O Senhor deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, de modo que estes lhes davam o que pediam" (Êxodo 11:2; 12:35-36). Fazer isto não apenas lhes proveria para o futuro mas também provaria que as pessoas que cressem em Deus seriam postas em liberdade. Teriam de provar sua fé pelas obras.

   A seguir, ordenou-lhes "tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia, e marcai a verga da porta e as suas ombreiras" (Êxodo 12:22). Nenhum anjo executaria esta tarefa para eles, nem Deus a faria para eles; e se tivessem recusado eles mesmos fazê-la, teriam morrido. Não obstante, ainda se exigia mais deles!

   Nesta mesma noite, suas casas deviam tornar-se casas de obediência. "Nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã" (Êxodo 12:22). Dentro da casa, deviam comer o cordeiro da páscoa, assado no fogo. Não devia ser comido cru ou cozido em água, e os israelitas deviam comê-lo com pães asmos, ou sem fermento, e com ervas amargas. Deus lhes ordenou que o fizessem com lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão — e deviam comê-lo às pressas.

   Não se tratava de simples assentimento intelectual de fé! Estes israelitas eram um povo obediente sobre o qual havia caído o temor de Deus, e eles desejavam ser libertos. Eles desejavam mais do que segurança — desejavam liberdade das forças do Egito. Eles estavam famintos, ansiosos por obedecer! Contraste-se isso com uma doutrina hodierna que declara: "Não é a obediência que conta. Não vivemos sob a lei. Nossa esperança está só no sangue!" Este ensino declara que se dissermos que a obediência é necessária, estamos tentando diminuir o poder do sangue. Todavia, foi a obediência explícita dos israelitas que provou que eles davam valor ao sangue!

   A verdade é que você pode sentir-se seguro sob o sangue e não obstante estar no Egito — ainda ao alcance do chicote do inimigo! O Senhor deseja que tenhamos mais do que proteção contra o juízo! Ele anseia por tirar-nos da prisão e escravidão do pecado — e levar-nos para um lugar vitorioso sobre a carne.

A travessia do mar Vermelho

   "Então Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar-se o mar por um forte vento oriental toda aquela noite, e fez do mar terra seca. As águas foram divididas, e os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco, e as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda. Os egípcios os perseguiram, e entraram atrás deles até o meio do mar, com todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a mão sobre o mar e o mar retomou a sua força ao amanhecer. Os egípcios foram de encontro a ele, e o Senhor derrubou os egípcios no meio do mar. E quando Israel viu o grande poder que o Senhor mostrara aos egípcios, o povo temeu ao Senhor, e confiaram no Senhor e em Moisés, seu servo." (Êxodo 14:21-23, 27, 31).

   A travessia do mar Vermelho é uma simbologia da vitória da cruz sobre todos os nossos inimigos. Todos nossos inimigos espirituais — o pecado, o mundo e Satanás — perderam na cruz seu poder controlador sobre nós. Isto, também, foi o que os israelitas experimentaram! "Israel viu os egípcios mortos na praia do mar" (Êxodo 14:30). Depois deste acontecimento, o povo de Deus foi liberto — ficou livre da escravidão. Os chicotes, que outrora lhes açoitavam as costas cansadas, agora flutuavam sem rumo sobre a água.

   O povo saíra fisicamente do Egito, e agora se regozijava: "Graças a Deus, estamos livres. Acabou-se a escravidão — acabou essa história de sermos obrigados a fazer o que detestamos — estamos livres para sempre!" Mas não demorou muito tempo para que eles descobrissem algo: Muito embora estivessem fora do Egito, o Egito ainda estava neles!

   À medida que se tornava cada vez mais difícil enfrentar as provações no deserto, o povo começou a lembrar-se com saudade, sonhando com os prazeres da velha vida. Sim, eles tinham sido protegidos pelo sangue e estavam salvos do juízo de Deus; tinham sido libertos do poder deste mundo pecaminoso. Mas os seus corações não estavam postos plenamente no Senhor. Estavam fora - mas entretanto dentro!

   Este mesmo fato é um dos maiores problemas da igreja de nossos dias: cristãos cujos corpos permanecem na casa do Senhor, mas cujos corações e mentes de contínuo estão de volta à antiga vida. Podem testificar: "Graças a Deus, fui liberto da prisão de Satanás! Recebi um novo contrato de arrendamento sobre a vida. É um milagre — já não sou escravo do pecado. A cruz me libertou!" Mas sentem falta das festas, dos velhos prazeres e suspiros passados ("Talvez apenas uma noite por amor aos velhos tempos!")

   Alguns que lêem esta mensagem reconhecem que muito embora tenham sido libertos do pecado, a vida em Cristo não é tão fácil como pensavam que fosse. As provações os golpeiam e Satanás despeja suas mentiras em seus ouvidos: "Lembra-se de como era bom? A diversão? As gargalhadas? Todos os seus velhos amigos?" Mas a verdade é que não era divertido — era inferno sobre a terra.

   Alguns voltariam ao Egito se não estivessem preocupados com a perda do respeito que conquistaram ou com a mágoa dos entes queridos. Em qualquer dos casos, eles não permanecem fora do Egito por amor a Jesus, mas por medo. Só permanecem porque seria muito pior voltar, e não por causa de sua devoção àquele que os tirou da escravidão.

A última travessia: o rio Jordão

   "Assim que a planta dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do Jordão, serão elas cortadas; as águas que vêm de cima pararão, e se amontoarão. Partindo o povo das suas tendas, para passar o Jordão, levavam os sacerdotes a arca da aliança adiante do povo. Os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor, pararam firmes em seco no meio do Jordão, enquanto todo o Israel passou em seco, até que toda a nação acabou de atravessar o Jordão" (Josué 3:13-14, 17).

   A travessia do Jordão é um símbolo da entrada para a liberdade em Cristo. Deus sempre nos tira de alguma situação a fim de levar-nos a ele mesmo! Não basta meramente escapar do poder de Satanás, do presídio da escravidão; devemos, também, entrar na vida de ressurreição de Cristo. Aqui, Canaã não representa o céu, porque indica um lugar de guerra espiritual. É porém, uma terra onde Jesus quer que desfrutemos da excelência de sua vitória — um lugar de júbilo, de alegria e de plenitude.

   Quando Israel chegou ao Jordão, o povo já não era guiado pela nuvem durante o dia e pela coluna de fogo à noite (veja Êxodo 13:21), mas pela arca da aliança — que significa Jesus — descendo ao Jordão, imergindo-se na morte, dizendo: "Sigam-me!" É Jesus convidando-nos a ser batizados nele.

   Ao sair do Jordão, os filhos de Israel entraram na Terra Prometida, que simboliza a permanência em Cristo. "O povo subiu do Jordão... e se acampou em Gilgal" (Josué 4:19). A esta altura, eles estavam protegidos pelo sangue, livres do poder do inimigo e elevados a uma novidade de vida na terra de Deus, que mana leite e mel. Por certo estavam preparados para a batalha de Jerico, sua primeira prova em Canaã! O que mais poderiam necessitar? Deve ter-lhes parecido que era tempo de marchar, de gritar e de derrubar as fortalezas inimigas.

   Mas, na verdade, eles ainda não estavam preparados. O Espírito ainda precisava executar mais algum trabalho. "Faze facas de pederneira, e circuncida segunda vez os filhos de Israel. Então Josué fez facas de pederneira, e circuncidou os filhos de Israel em Gibeate-Aralote" (Josué 5:2-3).

Circuncisão: remoção da carne

   Não vou provocar uma discussão sociológica da circuncisão — mas este antigo processo é muitíssimo significativo para a igreja de nossos dias. Que experiência dolorosa deve ter sido para os israelitas remover o prepúcio com uma faca de pederneira, como sinal para o mundo de que eles pertenciam a uma aliança fiel com Deus! Todas essas pessoas nasceram no deserto e nunca haviam sido circuncidadas — e depois de ocorrido o acontecimento, sofreram enfraquecidos por alguns dias.

   Entrar na faca hoje significa submeter-se ao agudo corte da Palavra de Deus! "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes" (Hebreus 4:12). A Palavra verdadeiramente corta.

   "Ouvindo eles isto, se enfureceram" (Atos 5:33). Quando Estêvão pregava, "enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele" (Atos 7:54).

   A Bíblia diz que a Palavra de Deus circuncidou nossos corações. "Circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra, e cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus" (Romanos 2:29). Há uma circuncisão "não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo" (Colossenses 2:11).

   Cada um de nós tem dentro de si o "opróbrio do Egito" que deve ser removido — tudo o que é de nossa carne. E há uma operação na qual o Espírito de Deus corta fora todas essas paixões e domínios do mal: Quando a Palavra de Deus é pregada pelos ungidos de Deus no poder e manifestação do Espírito Santo, ela se torna aquela faca afiada! Deus tem hoje os seus Josués e lhes ordenou que pegassem estas pessoas protegidas pelo sangue, libertas, redimidas e as pusessem sob a faca de sua Palavra para remover todos os vestígios de idolatria e transigência.

   Lamentavelmente, muitos pastores se recusam a trazer seu povo sob a faca afiada da censura e correção. É possível que um pastor "conduza seu povo direto para o inferno" ao protegê-los do chamado ao arrependimento e ao pranto dos profetas.

   Tenho exposto meu coração em algumas igrejas, advertindo-as do juízo, clamando contra a idolatria, rogando aos santos que despertem e invoquem a Deus pedindo purificação. Entretanto, os pastores ficavam sentados, imóveis, sem ao menos dizer "Amém". A congregação parecia enfarada. Ouviam meu grito sincero contra a televisão e sorriam de maneira condescendente, como se dissessem: "Muito gozado." Protegidos pelo sangue, redimidos, batizados em Cristo. Sim, escolhidos — mas congelados!

   Após a pregação, sentia-me derrotado, como se tivesse desperdiçado meu tempo. Eu acreditava que tinha a Palavra de Deus para eles, e não obstante não haviam respondido. Certa vez, depois de pronunciar tal mensagem, o pastor levou-me para fazer uma refeição. Dizia-me do quão maravilhosa era sua congregação — como contribuíam sacrificialmente, como faziam tudo o que ele lhes pedia. Dizia que seu povo era o mais amável, o mais carinhoso, o mais atencioso dos Estados Unidos — entusiastas sustentando o programa de construção, fiéis tomando parte no coro e na orquestra — todos obreiros incansáveis! "Nesta igreja deixamos que o Espírito Santo lide com os problemas. Temos um povo maduro!"

   Então eu pensei comigo mesmo: "É isso aí! Eles eram bons demais para uma mensagem tão forte. Homem, de fato errei!"

   Assim foi, até que mais tarde quando orando em meu quarto de hotel Deus disse-me: "Você não falhou! Aquela gente necessitava muito da mensagem! Eles têm naquela igreja uma sociedade de admiração mútua — e isso poderá destruí-los, cegá-los, custar-lhes tudo!"

   Tenho reconhecido que essas pessoas podem, deveras, ser maduras — mas são apóstatas! Estão-se tornando frias, apanhadas numa armadilha de falso amor!

   Josué não lisonjeava sua congregação. Deus revelou-lhe que o povo ainda tinha o opróbrio do Egito apegado a eles — e ele obedeceu à ordem de Deus de fazer facas e cortar de vez as coisas
da carne.

   O opróbrio é qualquer coisa que toma o lugar do Senhor em nosso coração, qualquer tipo de pecado ou idolatria que desvia de Deus nosso coração. À semelhança de alguns pastores modernos, Josué poderia ter dito: "Deus, essa gente tem sofrido tanto, tem enfrentado adversidades incríveis — agora estão no seu ponto mais fraco. Não posso deixá-los passar por um processo tão doloroso." Mas na verdade, o lugar mais perigoso onde os cristãos podem estar é sob o ensino de um pastor que os protege da repreensão e os lisonjeia, levando-os a pensar que tudo vai bem.

   "O homem que lisonjeia a seu próximo, arma uma rede aos seus passos" (Provérbios 29:5). Paulo também se recusou a lisonjear o povo de Deus. "Como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem de intuitos gananciosos; Deus é testemunha" (1 Tessalonicenses 2:5). "Pelo contrário, como fomos aprovados por Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus" (versículo 4). O resultado do ensino de Paulo era obediência na vida dos tessalonicenses. "Como vos convertertes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro" (1 Tessalonicenses 1:9).

   João era pastor de sete igrejas da Ásia, e por meio de revelação Jesus apareceu-lhe e lhe mostrou os pecados ocultos do povo. João dirigiu-se a esses amados como filhos de Deus, "Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados" (Apocalipse 1:5). Eles eram "reino e sacerdotes para o seu Deus" (versículo 6). Mas num determinado dia, o Espírito de Deus veio sobre João e ele ouviu a Palavra de Deus ressoando como trombeta: "Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (versículo 10). Jesus lhe apareceu e "da sua boca saía uma afiada espada de dois gumes" (versículo 16).

   A uma igreja amada, lavada pelo sangue, apareceu uma espada afiada! E a despeito da bondade, do trabalho duro daquela gente, Deus os achou em falta.

   No capítulo 2 do Apocalipse, João descreveu uma congregação maravilhosa em Éfeso. Eles eram pacientes e esforçados, tinham detestado as obras más — mas estavam ficando frios. Eles tinham perdido seu amor incandescente por Jesus; tinham caído na letargia. Jesus clamou: "Arrepende-te! Volta de imediato, ou então removerei o teu candelabro (tu não serás ungido)." Em Pérgamo estava uma congregação que conservava o seu nome, e não negou a fé, havendo alguns dispostos a morrer. Mas havia uma coisa muito errada: o falso ensino estava-se infiltrando; doutrinas de demônios estavam tomando pé. Jesus disse: "Arrepende-te, pois! Se não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca."

   Um espírito de Jezabel havia-se infiltrado na congregação de Tiatira, muito embora o povo ali fosse caridoso, cheio de fé, paciência e boas obras. A essa igreja jesus disse: "Lançá-la-ei... em grande tribulação... caso não se arrependam das obras que ela incita" (Apocalipse 2:22).

   A congregação que estava em Sardes tinha fama de ser uma igreja viva. Mas Jesus disse: "Tens nome de que vives, mas estás morto" (Apocalipse 3:1). Não lhes havia sobrado muita espiritualidade porque seus corações não eram perfeitos para com o Senhor. Não obstante, à semelhança de muitas igrejas de hoje em dia, eles se viam como estando cheios de vida. Apenas os que andavam no Espírito sabiam que, na realidade, eles estavam mortos.

   Jesus apareceu com uma faca afiada e colocou ^0^ essas igrejas sob sua Palavra cortante. Isto é amor verdadeiro!

Removendo o opróbrio do Egito

   Que é que significa de fato "entrar na faca"? No capítulo 5 de Josué, Israel estava no auge de sua glória e poder, experimentando milagres incríveis. As pessoas eram amadas e protegidas e o coração de seus inimigos se derreteu, "e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel" (Josué 5.1) Foi naquele tempo, diz o versículo 2 — isto é, em tempo de vitória, bênção, orientação e favor, quando estavam prestes a entrar e possuir a terra — que Deus disse, na verdade: "Parem tudo! Este é o fim da linha. Temos um problema. Todos parecem bons — maiores vitórias devem ser alcançadas — mas uma questão não foi solucionada. O opróbrio do Egito ainda continua nos seus corações e ele deve ser cortado, eliminado."

   É como se Deus dissesse ao seu povo: "Pacientemente tenho tolerado a sua apostasia, suas queixas, sua concupiscência interminável, constante. Dez vezes os seus pais me provocaram no deserto e a todos perdoei. Encontrei-os definhando nas fornalhas de ferro do Egito. Lavei vocês, protegi-os com sangue, livrei-os de seus inimigos. Mas todo esse tempo vocês têm marido um pecado secreto em seus corações. Recusaram-se a depor um ídolo que possui uma fortaleza em seus corações."

   O profeta Amós confirmou que Israel trazia em seu coração esta idolatria: "Ofereceste-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Levastes a tenda de vosso rei e O altar dos vossos ídolos, a estrela do vosso deus, que fizestes nara vós mesmos" (Amós 5:25-26). Aqui estava o opróbrio: Todo o tempo, a despeito do amor, proteção, bênção e orientação de Deus, os israelitas vinham trazendo algo secreto em seu Coração. Mesmo quando entoavam louvores ao Senhor, outro deus governava seus motivos íntimos.

   Haviam escondido em sua bagagem os ídolos de seus pais! Nem mesmo a terrível voz de um Deus santo e temível pôde consentir que eles abandonassem seus relicários, suas imagens de ouro do Egito. Eles queriam prosseguir e servir a Deus, ao mesmo tempo em que se apegavam a ídolos. O Senhor havia sido paciente até aquele ponto, mas agora ele lhes dava um ultimato: "Vou mover-me apenas com um povo santo. Há um mundo de alegria e paz, vitória sobre vitória mais adiante — mas vocês não podem levar consigo seu opróbrio. Cortem-no fora! Afiem as facas! Nenhuma carne é permitida daqui para a frente. Nenhuma idolatria! Nada de apegar-se a paixões! Nenhum opróbrio secreto!"

   "O pecado é o opróbrio dos povos" Provérbios 14:34

   Essas pessoas "de bem" tinham corações manchados pelo pecado. E porque eram tão cegas e de dura cerviz, Deus exigiu que cortassem o prepúcio, na tentativa de mostrar-lhes o que ele esperava interiormente — a separação de todo pecado. Duvido que tenham entendido isto enquanto se alinhavam para ser circuncidados e submeter-se à faca. Deus estava dizendo: "Dá-me o teu coração. Derruba esses ídolos."

   Mas isto foi escrito muito mais para nós — para nossa instrução. Hoje Deus nos está dando seu ultimato final: "Se vocês se submeterem à minha Palavra e me deixarem cortar todo pecado e idolatria, eu os levarei para uma terra boa — porei abaixo todas as fortalezas e saciarei vocês com leite e mel trazidos do céu. Caso contrário, se não se submeterem a mim e clamarem para que lhes tire todo o pecado, então vocês vão ficar sozinhos e minha presença não irá com vocês. Submetam-se à minha faca, ou sigam seu próprio caminho!"

   Quão séria é esta questão de entrar na faca! Vemo-la de maneira clara exemplificada na vida de Moisés, quando "estando Moisés.. . encontrou-o o Senhor, e o quis matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, circuncidou o prepúcio de seu filho... Assim o Senhor o deixou" (Êxodo 4:24-26). É bem provável que Moisés permitira que sua esposa Zípora o dissuadisse de fazer o que era certo. E Deus lhe estava dizendo: "Escolhe, Moisés. Ou dás ouvido à tua esposa, ou me obedeces."

   Esta é uma questão de vida e morte! E o Senhor vem a você hoje do mesmo modo, clamando: "Agora, submeta-se à minha circuncisão — corte fora a carne — entregue à faca seu pecado secreto!" Então, só então, você pode entrar na abundância das riquezas de Jesus Cristo!



Extraído do Livro "David Wilkerson Exorta à Igreja"

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