quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Diferentes tipos de Línguas


Por Luciano Subirá
"DIFERENTES TIPOS DE LÍNGUAS"

   Numa loja de calçados encontramos diferentes tipos de calçados: esportivos e sociais; masculinos e femininos; modelos grandes e pequenos. O fato serem todos calçados não quer dizer que sejam iguais entre si. Há diferenças entre eles. Diferença de tamanho, material empregado, de modelo; as diferenças variam de acordo com a finalidade de cada um.


   Com o falar em línguas, não é diferente. Deus estabeleceu tipos diversos, que operam de forma distintas para atingir fins distintos. Não podemos usar os textos do falar em línguas como se falasse de uma só manifestação. Isto só gera confusão, e na verdade é exatamente o que tem ocorrido nas igrejas em geral.


   Há três tipos distintos da manifestação do falar em línguas no Novo Testamento:


1 - a oração em línguas;
2 - o dom de variedade de línguas;
3 - línguas como sinal aos incrédulos.


   A carta de Paulo aos Coríntios não foi escrita com o propósito de ensinar sistematicamente nenhuma doutrina, mas sim para corrigir aqueles irmãos em áreas em que já haviam recebido ensino. Quando o apóstolo esclarece algumas questões, está apenas tocando em detalhes de um assunto que, em linhas gerais já era conhecido. Portanto, os tipos do falar em línguas não são claramente diferenciados, mas percebidos dentro do contexto.


   No clássico capítulo do falar em línguas, Paulo nos mostra as diferentes manifestações do falar em línguas:


"Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar. Porque o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação. O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja. Ora, quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação". - I Coríntios 14:1-5


   Qual a ênfase principal do apóstolo, nestes versículos ?


   Ele compara duas manifestações do Espírito Santo: o falar em línguas e o profetizar. E então estabelece os contrastes entre uma manifestação e outra. Ele declara no versículo dois que o que fala em línguas não fala ao homem, mas a Deus; por outro lado, temos como subentendido que a profecia é justamente o oposto, pois nela Deus é que fala ao homem.


   Depois, ainda no versículo dois, ele diz que ninguém entende o falar em línguas; mas deixa claro no versículo quatro que a profecia todos entendem, onde mais uma vez vemos o quanto são distintas. Finalmente, no versículo quatro ele contrasta o falar em línguas com a profecia ao mostrar o nível de edificação que cada um produz.


Todos os contrastes estão resumidos no quadro abaixo:


         LÍNGUAS                            PROFECIA

1- O homem fala a Deus            1 – Deus fala aos homens
2 – Ninguém entende               2 – Todos entendem
3 – Edificação pessoal            3 – Edificação coletiva


   Observando as distinções estabelecidas por Paulo nos versículos acima, podemos afirmar taxativamente que não há qualquer semelhança entre o falar em línguas e o profetizar, salvo o fato de serem ambos uma fala inspirada pelo Espírito Santo de Deus.

   Estamos destacando as distinções entre o falar em línguas e o profetizar por uma única razão: no versículo 5, Paulo diz que línguas com interpretação é equivalente à profecia. Ou seja, há um aspecto do falar em línguas totalmente oposto à profecia, e outro igual a ela; logo, são diferentes entre si. Nesta comparação feita pelo apóstolo podemos perceber que se tratam de dois tipos distintos do falar em línguas.


   As línguas SEM interpretação são exatamente o oposto do profetizar. Já as línguas COM interpretação, são o mesmo que a profecia. Se não reconhecermos as distinções entre os dois aspectos do falar em línguas (sem e com interpretação), teremos então uma grande incoerência.


   Fazendo um novo quadro comparativo das distinções entre línguas e profecia, e trocando o título "profetizar" por "línguas com interpretação", fica clara a diferença entre estes dois tipos do falar em línguas.


Línguas SEM interpretação            Línguas COM interpretação
*O homem fala a Deus                 *Deus fala aos homens
*Ninguém entende                     *Todos entendem
*Edificação pessoal                  *Edificação coletiva


   Quero estabelecer termos diferentes para as manifestações das línguas sem e com interpretação, ligados ao seu propósito distinto:


"Se alguém falar em língua, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e cada um por sua vez, e haja um que interprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus." - I Coríntios 14:27 e 28.


   Nas línguas sem interpretação, o homem fala a Deus, portanto, é uma linguagem de oração. Em I Coríntios 14:14, o escritor diz: "Se eu orar em línguas...", mostrando ser o falar em línguas então uma linguagem de oração, razão pela qual estaremos denominando as línguas sem interpretação como: "oração em línguas".


   As línguas com interpretação, não são uma linguagem de oração para edificação pessoal, e sim uma mensagem para a edificação da Igreja. É a manifestação de um dos nove dons do Espírito Santo alistado em I Coríntios 12:10; portanto, denominaremos este outro tipo do falar em línguas com o mesmo título constante nas Escrituras: "variedade de línguas".


   Mas há ainda um terceiro aspecto mencionado por Paulo no capítulo 14 de Primeira aos Coríntios:


"Está escrito na lei: Por homens de outras línguas e por lábios de estrangeiros falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De modo que as línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos; a profecia, porém, não é sinal para os incrédulos, mas para os crentes." - I Coríntios 14:21,22


   Aqui temos outro aspecto das línguas que denominaremos como "sinal aos incrédulos". Não é uma menção da oração em línguas que se dirige a Deus e nem tampouco da variedade de línguas que se dirige à Igreja. Trata-se de um aspecto distinto dos demais; e encontramos um exemplo bíblico desta manifestação logo no início de Atos dos Apóstolos:


"Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses que estão falando?
Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos? Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes - ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus. E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto?" - Atos 2:1-13


   O que exatamente aconteceu nesse dia?


   Crentes cheios do Espírito Santo falaram - sem possuírem esse conhecimento - em línguas conhecidas de vários povos que se encontravam em Jerusalém por ocasião da Festa do Pentecostes. Foi algo tão forte para aqueles homens, que quando Pedro pregou-lhes o arrependimento, cerca de 3.000 almas renderam-se a Cristo. Isto foi um sinal aos incrédulos!


   Devido a expressão usada no v.6: "porque cada um os ouvia falar na sua própria língua", tem-se perguntado se foram os discípulos que falaram essas línguas conhecidas desses povos, ou se, falando em línguas desconhecidas, Deus fez com que aqueles homens ouvissem sua própria língua. Porém, uma coisa não se discute: foi um sinal aos incrédulos.


   Neste tipo de manifestação creio que podem acontecer as duas coisas. O Espírito Santo pode operar o milagre fazendo alguém falar ou ouvir. Embora pessoalmente eu creia que eles realmente falaram nestas línguas, sei que as duas manifestações existem pelas experiências que tem acontecido a ministérios que conheci.


   O irmão Dave Roberson, relata em seu livro "Andando no Espírito", ter passado pelas duas experiências. Em uma ocasião estava presente em suas reuniões um francês, usando um interprete ao lado, uma vez que o irmão Dave prega em inglês. Mas repentinamente, em meio a ministração, o homem rejeitou o serviço do interprete porque começou a ouvir a mensagem em francês, embora todo o restante do auditório o tenha ouvido em inglês!


   Numa outra ocasião, pregando num programa de televisão, o Espírito Santo o moveu a falar em línguas, e ao faze-lo, falou em alemão e moradores de uma colônia alemã que o ouviam foram tocados! O importante, porém, é ressaltar que tanto em uma como outra experiência, foi um sinal que Deus evidenciou.


   Tive o privilégio de ouvir o pastor Samuel de Souza, da Igreja Nova Aliança de Londrina, partilhar uma doce experiência vivida não muito depois de ser batizado no Espírito Santo, no início de sua vida cristã. Samuel contou-me que nesta época trabalhava dando assistência técnica para aparelhos de rádio e televisão, e que tinha por costume levar em sua pasta de ferramentas a sua Bíblia.


   Certo dia, chegando à casa de um cliente, tirou sua Bíblia da pasta e colocou-a sobre a mesa; pegou suas ferramentas, fez o serviço e na hora de sair, o dono da casa que havia reparado na Bíblia, perguntou-lhe o que aquele livro significava para ele. De pronto, nosso irmão aproveitou a deixa, e testemunhou-lhe sobre sua experiência com Jesus, o que deixou o homem admirado, mas sem nada falar; foi quando


   Samuel ofereceu-se para orar por ele e sua casa e obteve consentimento.


   No instante em que orava, um forte impulso para orar em línguas veio sobre ele; era quase irresistível, e ele orou mesmo em línguas na frente daquele homem por cerca de três a quatro minutos. Terminada a oração, aquele senhor, emocionado, perguntou se Samuel era judeu, e custou-lhe convencer o homem que não, uma vez que lhe entregara uma palavra em hebraico fluente, com o detalhe de trazer incluído na mensagem até mesmo o sotaque da região de onde ele viera... Glória a Deus!


   O Senhor pode fazer tanto alguém falar na língua do incrédulo, como também fazer com que o incrédulo ouça. Frederico Barros, um dos pastores da Comunidade Cristã de Curitiba, narrou-me uma experiência que viveu logo no início de sua conversão e que demonstra a realidade do que estamos dizendo.


   Fred foi hippie até a sua conversão, que aconteceu numa de suas viagens quando ele comprou uma Bíblia e decidiu lê-la, o que culminou no seu encontro com Jesus, sozinho, numa aldeia de pescadores lá no nordeste do país. Recém nascido de novo, ele encontrou nesta mesma aldeia um hippie francês; o homem não falava uma palavra em português, e tentou usar um livreto de frases traduzidas para o português, mas não foi bem sucedido.


   Mais tarde, enquanto Fred estava silencioso e pensativo, o francês apontou para a Bíblia grande na mochila do Fred e perguntou em francês: - "Você carrega esta Bíblia para pagar alguma promessa"? Fred entendeu em português, e por vários minutos falou para aquele hippie acerca de sua experiência com Cristo. Enquanto um falava francês o outro entendia português e vice-versa.


   Somente depois de ter relatado todo o seu encontro com Jesus, Fred caiu em si e percebeu o que estava ocorrendo. Conta que sentiu sua língua enrolar e já não pôde se comunicar mais, e que o hippie francês ficou muito tocado com que aconteceu, e sem meios de voltar a comunicar-se.


   Vemos, portanto, que as línguas como sinal aos incrédulos são diferentes dos outros aspectos do falar em línguas. Comparemos num novo quadro as características de cada um destes três tipos distintos das línguas:


ORAÇÃO EM LÍNGUAS
*O homem fala a Deus 
*Edificação pessoal
*Ninguém entende   

VARIEDADE DE LÍNGUAS   
*Deus fala ao homem
*Edificação coletiva
*Todos entendem

SINAL AOS INCRÉDULOS
*O homem fala de  Deus a outro homem
*Edificação de terceiros
*Só quem recebe a mensagem entende

   À semelhança dos calçados, que genericamente recebem um mesmo título, mas diferem nos seus tipos, assim também são as diferentes manifestações do falar em línguas, que apesar de receber uma mesma denominação genérica, devem ser diferenciadas pelos seus diferentes propósitos.


   Se considerarmos a distinção que há entre cada um dos três aspectos, e procurarmos entender as passagens bíblicas observando qual das manifestações do falar em línguas está sendo abordada, para então sabermos quais as regras que se aplicam a ela, escaparemos então das confusões doutrinárias. Este é um dos passos mais importantes para podermos compreender mais profundamente a linguagem sobrenatural de oração do Espírito Santo.



Extraído do Livro "Falar em línguas: A linguagem sobrenatural da oração"

2 comentários:

  1. show de bolaa daniell!!
    estou entendendo mais do assuntoo,que eh meio complexo, mas o Espirito Santo nos guia ao equilibrio
    Brigadao pelo esforco ai, na selecao e colocacao dos textos cara!

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