domingo, 31 de outubro de 2010

VÃO PARA O CÉU OS RELIGIOSOS?

Mateus 7:21-29

Quando João Batista, o precursor, apresentou o Senhor Jesus Cristo a Israel, apresentou-o como Salvador e Rei. João apontou para ele, e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (João 1:29). Noutra ocasião, disse: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:2). Jesus Cristo foi apresentado como Salvador e Soberano. Ambos esses ofícios demandam completa submissão à autoridade daquele que é Salvador e Rei. Por isso que Jesus Cristo é chamado de Senhor Jesus Cristo. Ele é que tem o direito de ser obedecido. Enquanto os homens não se submeterem a ele, não será Salvador nem Rei. Ele é o Senhor Jesus Cristo.

A fim de estabelecer sua autoridade e demonstrar ao mundo que tem o direito de ser o Senhor Jesus Cristo, ele realizou muitos milagres. Obviamente, esses milagres não foram realizados mediante poder humano, mas por autoridade divina. A nação tinha provas de que Aquele apresentado como Salvador e Soberano era o Senhor.

Como Messias, ele impôs certas condições aos que professavam o desejo de entrar no seu reino. Ele tinha vindo para governar em paz e justiça. Era um governante assim que Israel aguardava desde os tempos do Antigo Testamento, pois os profetas haviam predito que Deus enviaria o Messias para redimir o povo e instituir um reino. Ouvindo a nação as palavras de Jesus e vendo os seus milagres, discutia o povo a possibilidade de ser este o Prometido de Deus, o Messias.

Como Soberano, ele fez certas exigências aos que desejassem entrar no seu reino. Deviam ser justos; no seu reino não havia lugar para a injustiça. O povo congregou-se ao seu redor para que ele explicasse exatamente que tipo de justiça ele exigia.

Nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus ele revelou ao povo que era necessário uma justiça procedente de Deus, que resulta da fé, uma justiça que excede a dos escribas e fariseus. Ninguém o contestou dizendo que ele não tinha autoridade como Senhor de apresentar as condições pelas quais as pessoas são recebidas no seu reino. Ele rejeitou a interpretação que os fariseus davam à lei; rejeitou igualmente a prática da lei segundo os fariseus como sendo a verdadeira justiça. Mostrou ao povo que a única justiça que ele e seu Pai aceitavam era a que se conformava à revelada no caráter de Deus e obtida pela fé.

Ao concluir sua mensagem às multidões, Jesus proferiu uma advertência: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade" (Mateus 7:21-32). O Senhor não dirigiu esta advertência a indivíduos irreligiosos. Ele dirigiu-a a pessoas obsedadas com a mecânica da religião. Porém deixou bem claro que não é por serem religiosos que os indivíduos vão para o céu. Os religiosos não são aceitos na base de sua religião, no reino sobre o qual Jesus Cristo governará. Ele não aceitará todo aquele que profere a palavra "Senhor".

Obediência é o sinal da verdadeira fé. Jesus Cristo deixou isso claro quando disse: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." Se alguém não obedece àquele que ele chama de Senhor, sua desobediência mostra que tal indivíduo não o possui como Senhor. O teste que determina se Jesus Cristo é Senhor na vida de alguém é sua obediência à ordem daquele a quem chama de Senhor.

É possível que os que diziam "Senhor, Senhor!", mas andavam em desobediência, fossem religiosos. Pode ser que observassem a lei meticulosamente conforme os fariseus a interpretavam. Muitos deles haviam profetizado, isto é pregado. Haviam cumprido a função profética do Antigo Testamento de declarar de público a verdade que Deus revelara. Além disso, haviam expelido demônios. Haviam realizado façanhas sobrenaturais. Ademais, em nome de Jesus haviam feito muitas obras maravilhosas ― haviam imitado os milagres que o próprio Cristo realizara (Mateus 4:23-25). Não demonstraria isto que essas pessoas estavam salvas, pois como poderia alguém pregar, expulsar demônios e realizar milagres, e ainda estar perdido? Contudo, Cristo disse que estavam.

Jesus Cristo disse: "Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." O Senhor classificou toda prática religiosa não executada por fé como iniqüidade (v. 23), uma declaração forte e surpreendente. Multidões incrédulas reúnem-se em lugares de adoração e repetem a mecânica da religião. Acha você que Deus se agrada de que os homens tirem o chapéu para ele? Ele chama a isso de iniqüidade. Multidões, pelo poder de Satanás, podem realizar grandes feitos. Deus chama a isso de iniqüidade. A única coisa aceitável a Deus é a justiça que resulta da fé. A fé genuína produz obras; produz obediência, que é a demonstração de fé.

Vemos esta verdade em Tiago 2:14-20: "Qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?

Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" Pode aquilo que se chama de fé, mas não funciona, salvar alguém? A resposta é: claro que não. "Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa, e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos, e fartai-vos, sem, contudo, lhes dardes o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?" A resposta é: nenhum. Sua palavra não os satisfará. "Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: "Tu tens fé e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras; e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé." Tiago está ressaltando que o único meio de se conhecer a autenticidade da fé é ver o que ela produz. "Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem, e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante [infrutífera, estéril, improdutiva]?"

A fé é viva. O que é vivo se reproduz. Não haver fruto na vida da pessoa é prova de que a raiz está morta; aquilo que se chama fé e não produz obediência nem os frutos da justiça não é fé aos olhos de Deus. Toda prática e serviço religiosos que não se originam de obediência a Jesus Cristo como Senhor não passam de iniqüidade e são rejeitados. Sem obras não pode haver certeza de salvação.

O homem não é salvo por fazer de Cristo o Senhor. Ele é salvo pela fé naquele que é o Senhor Jesus Cristo. Mas o indivíduo salvo demonstrará sua submissão ao Senhor Jesus Cristo pelas obras resultantes de uma fé viva.

É muito significativo que em nossos dias vejamos ondas de obras sobrenaturais feitas em nome da religião. Multidões do povo de Deus se deixam enganar, crendo que os que realizam obras assim chamadas de sobrenaturais devem ser filhos de Deus. Essa é uma tapeação de Satanás; pois, enquanto o indivíduo não se submeter em obediência ao Senhor Jesus Cristo, o que ele fizer (muito embora seja uma importante obra religiosa) é chamado de iniqüidade.

Enquanto a pessoa não se submeter à autoridade de Jesus Cristo, o que ela fizer em nome da religião Deus considera como iniqüidade, e não como boas obras. Precisamos tomar cuidado para que não nos enganemos com as obras que Satanás pode produzir por meio de um dos seus, mascarado de filho de Deus. A religião não salva; as formas de religião não provam que o homem está salvo, a menos que sua vida demonstre submissão ao Senhor Jesus Cristo.

As necessidades humanas nunca serão satisfeitas pela observância de formas religiosas vazias, nem por seguir falsos mestres, não importa quão religiosos pareçam. As necessidades humanas só podem ser satisfeitas por meio de uma Pessoa, o Senhor Jesus.


J. Dwight Pentecost - O Sermão da Montanha

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