sábado, 16 de outubro de 2010

Vivendo na Esfera dos Milagres

Vivendo na Esfera dos Milagres - David Wilkerson (Livro "Exorta à Igreja")

Não consigo ler o livro de Atos sem sentir-me muito envergonhado! Os apóstolos viveram e serviram na esfera dos milagres. Mesmo leigos como Estêvão e Filipe, homens que serviam às mesas, foram poderosos no Espírito Santo, operando milagres e agitando cidades inteiras. Quem pode ler o livro de Atos sem temor e sem maravilhar-se em face dos milagres que Deus operava por eles e entre eles? Anjos apareciam-lhes, soltavam suas correntes e os conduziam para fora de prisões de alta segurança. Tinham visões poderosas, claras e detalhadas. Pedro era tão cheio do Espírito Santo que os enfermos eram trazidos para as ruas sobre leitos e maças, para que sua sombra caísse sobre eles e fossem curados (Atos 5:15). Coxos eram curados e saltavam pelo templo, e há registros de milagres especiais: "E Deus, pelas mãos de Paulo, fez milagres extraordinários. De sorte que até lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades os deixavam e os espíritos malignos saíam" (Atos 19:11-12).

Por que não vivemos hoje em tal esfera de milagres? Onde está atualmente o poder apostólico de Jesus Cristo? Não estou falando de reuniões de livramento e de "astros" evangelistas que efetuam curas. Estou falando sobre um modo maravilhoso de vida para todo crente verdadeiro. Deus não mudou; nós, sim, temos mudado. O mesmo Senhor está conosco — temos as mesmas promessas e Deus está mais do que pronto para fazê-las de novo.

Mas, de maneira lamentável, há hoje uma idéia de que não necessitamos de milagres. Dizem: "Esta geração tem uma revelação maior; ela é mais instruída, mais inteligente. Não devemos esperar que o Senhor realize as mesmas coisas hoje, visto que aquilo era necessário apenas para estabelecer a igreja."

Minha resposta a esta alegação é que se o miraculoso foi necessário para estabelecer a igreja, ele é mais necessário ainda no encerramento da era da igreja! Homens maus têm-se tornado piores, enquanto o pecado vai aumentando cada vez mais. Os pervertidos estão crescendo em número e a violência foge ao controle; o inferno alargou suas fronteiras. Satanás desceu com grande ira. A medida que doutrinas de demônios chegam como dilúvio, a apostasia torna-se pior. Estamos deteriorando de maneira alarmante. Satanás tem seus próprios anjos que fingem ser grandes evangelistas e mestres. O aborto tem coberto a terra numa mancha de sangue. Pais maltratam os próprios filhos — até bebês estão sofrendo abuso. Nossa juventude está fora de controle, com a cocaína, o "crack" e o álcool espalhando-se pelas escolas, devastando e matando, transformando os adolescentes em enfermos, ladrões enlouquecidos e criminosos. Novas doenças como AIDS e outras estão espalhando morte pelo mundo afora.

Necessitamos mais de Jesus — mais de seu poder salvador, curador, mais de milagres do que em qualquer geração passada! Os apóstolos sabiam o preço destes atos miraculosos e avidamente pagavam por ele, mas nossa geração não está disposta a pagá-lo.
"Deus respondia de modo miraculoso a eles porque oravam sem cessar"

O livro de Atos é o registro de homens e mulheres santos que buscavam a face do Senhor. Do princípio ao fim, ele conta como as orações moviam a Deus, quer no cenáculo, na prisão, em alguma casa secreta, escondendo-se das autoridades, quer na casa de Simão, numa rua chamada Direita — eles oravam! Oravam de manhã e, às vezes, a noite toda — oravam sem cessar. Cornélio orava sempre. Pedro orava nos eirados. Na praia, no templo, ou no deserto, eles invocavam o Senhor continuamente. Passavam horas e dias trancados com Deus, até que recebessem orientação clara, detalhada. Que peculiaridades Deus lhes dava!

Ananias, que vivia nesta esfera de poder, era um homem de Deus dado à oração.

"Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o Senhor, em uma visão: Ananias! Ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. Disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo, pois ele está orando. Numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver" (Atos 9:10-12).

Ouça as instruções pormenorizadas que Deus lhe deu: "Vai!" Ele deu o nome da rua, disse qual era a casa, deu o nome do dono da casa, o nome do homem por quem ele devia orar! Depois Deus disse: "Ele sabe que você está vindo. Sabe até seu nome. E sabe o que você fará quando entrar no quarto onde ele está, porque eu lhe disse tudo!" Por que o Senhor contou a este recém-convertido detalhes tão íntimos? Porque "ele está orando." Durante três dias Saulo jejuou e orou. Não era "Senhor, que podes tu fazer por mim?" Mas, pelo contrário, "Senhor, que queres que eu faça?" A visão que ele teve de Jesus consumiu-o de tal modo que ele de pronto abandonou tudo ali mesmo e se fez escravo do Senhor daquele momento em diante.

Tivesse Saulo sido salvo em nosso tempo, ele teria sido sugado para o nosso mundo de engodo com uma "blitz" dos veículos de comunicação, um livro sucesso de livraria, e convites para dar seu testemunho a igrejas por toda a parte. Por que hoje tantos são salvos de modo miraculoso, exatamente como Saulo, mas, diferente dele, logo mais estão vivendo em confusão, não sabendo o que fazer? Deus disse a Saulo: "Agora levanta-te, e entra na cidade. Lá te será dito o que te convém fazer" (Atos 9:6). Deus estava dizendo: "Vai orar! Vai buscar a minha face e aprender a esperar em mim!" Não vieram instruções, não veio nenhuma visão, enquanto ele não tivesse passado três dias em oração. Mas que coisa poderosa e maravilhosa aconteceu durante a oração — Saulo veio a conhecer a voz do Senhor e aprendeu a depender da sua orientação. Embora apenas recém-nascido como cristão, ele já estava sendo claramente guiado por Deus. Saulo não necessitava de conselheiro ou de profeta para mostrar-lhe o que fazer; ele não necessitava de ninguém para dar-lhe uma palavra de conhecimento, porque o Senhor disse: "eu lhe mostrarei" (Atos 9:16).

Depois vem o caso de Pedro, orando no eirado. A quase cinqüenta quilômetros de distância, em Cesaréia, Cornélio está "sempre" orando.
"Havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da corte chamada italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus. Este, quase à hora nona, viu claramente, numa visão, um anjo de Deus, que se dirigia para ele, e dizia: Cornélio! Cornélio, fixando nele os olhos, e muito atemorizado, perguntou: Que é, Senhor? Respondeu-lhe o anjo: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus. Agora envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Este está com um Simão curtidor, que tem a sua casa junto ao mar. Ele te dirá o que deves fazer" (Atos 10:1-6).
De novo, instruções pormenorizadas! A cidade era Jope; a casa era a de Simão; e o homem que tem a resposta era Pedro.

Neste ínterim, "subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta" (Atos 10:9). "sobreveio-lhe um arrebatamento" (Atos 10:10), o que significa que ele teve uma visão. "Pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Simão, três homens te procuram... vai com eles... porque eu os enviei" (Atos 10:19, 20). Pedro vai à casa de Cornélio e encontra um homem orando, que lhe fala da visita de anjos, dando-lhe orientação sobrenatural.
"Respondeu Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa à hora nona. De repente diante de mim se apresentou um homem com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus. Envia a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Este está em casa de Simão, o curtidor, junto ao mar. Imediatamente mandei chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo o que te foi ordenado pelo Senhor" (Atos 10:30-33).
O Espírito Santo é tão específico que dá ambos os nomes: "chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro" (v. 32). Para estar seguro de que Cornélio chamasse o homem certo (visto que Pedro estava hospedado na casa de outro homem chamado Simão), Deus lhe disse que seu nome era Simão Pedro!

Por todo o livro de Atos lemos estas palavras: "Deus lhes disse", " o Senhor falou", "o Espírito Santo declarou", "o anjo respondeu". O céu não estava fechado. Eles tinham a mente clara do Senhor; nada havia de "nebuloso", ou revestido de subterfúgios com relação ao que ouviam. Era muito prático, pormenorizado, e claro. Mas a palavra do céu vinha só depois de muita oração, após fechar-se a sós com Deus em secreto.
"Na igreja de Antioquia havia alguns profetas e mestres, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Niger, Lúcio de Cirene, Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois de jejuarem e orarem, puseram sobre eles as mãos, e os despediram. Assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia, e dali navegaram para Chipre" (Atos 13:1-4).
Eles jejuaram e oraram até que viesse a palavra; e então jejuaram e oraram de novo antes de enviá-los!.

Mais tarde Paulo colocou-se em pé diante da multidão furiosa de judeus, em Jerusalém, e narrou sua história miraculosa:
"Como eu não via, por causa do esplendor daquela luz, fui guiado pela mão dos que estavam comigo, e cheguei a Damasco. Certo Ananias, homem piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam veio ter comigo, e apresentou-se, dizendo: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora o vi. Disse ele: O Deus de nossos pais de antemão te designou para conheceres a sua vontade, e ver o Justo, e ouvir a voz da sua boca. Hás de ser sua testemunha para com todos os homens, do que tens visto e ouvido" (Atos 22:11-15).
Paulo deixou muito claro que se tratava mais do que uma simples conversão miraculosa — ela devia tornar-se um estilo de vida.

Havia três coisas que Deus desejava para Paulo: que ele conhecesse a sua vontade, que tivesse uma visão de Cristo, e que ouvisse sua voz de sua própria boca (significando que fora uma realidade pessoal, e não por ouvir dizer).
O povo de Deus hoje poderia receber de Deus a mesma palavra clara se buscasse com a mesma intensidade a sua face em oração.

Os cristãos raramente oram hoje, porque foram ensinados a "aceitar tudo pela fé". Pregamos a fé aqui na igreja de Times Square, mas não excluímos a oração. Ensinamos obediência, arrependimento, a Palavra, fé e oração! Há os que dizem: "Por que orar? Por que pleitear de Deus quando ele já prometeu? Se ele sabe do que necessitamos antes de pedirmos, por que continuar pedindo?" Alguns chegam a ensinar: "Se você pede quando eleja prometeu, isso é incredulidade. Simplesmente reivindique a promessa e depois descanse; não há necessidade de pedi-la em oração."

Somos ateus neste assunto da oração, quando comparados com a igreja primitiva. Muitos hoje consideram a oração secreta como trabalho árduo e enfadonho. Por isso eles o executam só de quando em quando — e na maioria das vezes envergonhados por fazê-lo. Pode você imaginar um marido e a esposa vivendo na mesma casa, raramente falando um com o outro; mas, em público, ela fala com ele como se fossem íntimos? Quando conversa com ele dentro do lar, mostra-se enfarada, desvia os olhos para outro lugar, depois o negligencia dias consecutivos. É deste modo que alguns tratam nosso bendito Senhor! Oração, a oração secreta, é a mais poderosa arma que Deus deu a seu povo; não obstante, é desdenhada, negligenciada, e muito pouco usada.

Elias era humano e atingido pelas mesmas coisas que nós somos: estava sujeito aos mesmos temores, anseios, esperanças, desespero, e necessidades — entretanto suas orações alcançaram resultados! Deus nos está mostrando o que fazer em cada crise. Correr para ele! Tornar-se fervoroso! Orar com portas abertas e com portas fechadas! Elias orou fervorosamente, continuou orando e esperando até que o Senhor respondeu. Sete vezes mandou seu servo perscrutar o horizonte em busca de apenas um pequeno sinal.

Hoje, depois de uma ou duas sessões, desistimos e nos iramos com Deus. Dizemos: "Para mim não funcionou. Orei e meu marido e eu continuamos enfrentando problemas, de modo que ainda não tenho o que necessito." É óbvio que as pessoas deixam de orar porque pensam que a oração não funciona. Não sabem o que significa perseverar na oração — voltar como Elias vez após vez com a cabeça até ao chão. A isso se chama "agarrar-se a Deus". No Antigo Testamento dá-se o nome de "lutar com Deus". A oração de Jacó era: "Não te deixarei ir, se me não abençoares" (Gênesis 32:26). A espera, as demoras, têm um propósito: conformar-nos a Cristo. Não podemos passar muito tempo em sua presença sem que venhamos a conhecê-lo. Quanto mais tempo demora a resposta e mais você insiste em oração, tanto mais importante Cristo se torna e tanto menos importante se torna a resposta. De um modo ou de outro, você vence!
Deus chama um povo remanescente para estar a sós com ele.

Os profetas predisseram que nos últimos dias, quando as calamidades caíssem, Deus chamaria um remanescente para fechar-se com ele. Daniel entendeu que o relógio do tempo divino era para sua época, porque ele havia estudado os profetas do passado. "Eu, Daniel, entendi pelos livros, que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de transcorrer sobre as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. Dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e rogos, com jejum, pano de saco e cinza" (Daniel 9:2-3). Estudando o profeta Jeremias, Daniel descobriu que os setenta anos de exílio estavam prestes a terminar. Diz Jeremias 29:10-11: "Assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, atentarei para vós, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar. Pois eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro."

Por que Daniel não se regozijou? Por que não se agarrou à promessa por fé e descansou? Por que começou a chorar, orar, e jejuar, sentando-se em pano de saco? Porque ele também descobriu uma condição para que toda esta bondade acontecesse. Sim, Deus prometeu libertá-los, fazer-lhes o bem; mas, aí estão os versículos 12-14 do mesmo capítulo: "Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos". O pecado, ou estar desinteressado, pode frustrar as promessas de Deus. Daniel descobriu no capítulo 4 de Deuteronômio a advertência de Moisés de que Israel seria disperso por causa do pecado, mas também a promessa de que a nação poderia ser liberta. "Então dali (do cativeiro) buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma" (Deuteronômio 4:29).


 
Os que não oram, que não estão preparados, não resistirão neste dia de juízo. Eles serão subjugados pelas hordas de demônios! Em Apocalipse 6:17 se faz esta pergunta: "Pois é vindo o grande dia da ira deles, e quem poderá subsistir?" Todo filho de Deus que se fecha com ele durante a indignação subsistirá. "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes" (Efésios 6:13). "Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória" (Judas v. 24).


























































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